segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A cidade das crianças

Olá, 

Neste semestre estamos pesquisando a cidade de São Paulo com o grupo. Fomentando pelo interesse das crianças no processo eleitoral para Prefeito neste ano e em conversas em que muitas confusões (dada a tenra idade dos pequenos de 4 e 5 anos) entre presidente e prefeito, além de mundo, cidade e país apareceram, resolvemos conversar sobre a cidade.

A princípio, um projeto inédito que nunca havia sido feito com o grupo, tem que ser feito de acordo com o interesse e expectativas do grupo, porém, também deve ser feita uma busca de ideias, inspirações e material que fomente ideias. 

Nas rodas de conversa, levantamos primeiramente os espaços conhecidos do grupo, fazendo provocações sobre as coisas que seriam necessárias ou bacanas de termos numa cidade. No início, dado o debate eleitoral, apareceu muito a ideia de mobilidade, das ciclofaixas, das ruas, da velocidade dos carros, temas abordados pelos prefeitos em suas campanhas e discutidos em casa entre crianças e pais. 

Aos poucos fomos nos afastando deste debate para nos aproximarmos do que eles entendiam como cidade, a cidade sob o olhar deles. Falaram muito sobre as casas, prédios, shoppings a princípio e logo foram surgindo espaços mais públicos, como praças, parques, avenidas, lugares que eram mais públicos, além de estádios, hospitais, lojas, supermercados, padarias, o trabalho dos pais, a natação ou clube, as casas dos avós ou tios, enfim, espaços ocupados por eles em seu cotidiano, além da escola. 

Brincadeiras com desenhos, dobraduras, caixas, alguns vídeos, em especial do projeto "Cidade Educadora" e livros de turismo voltados ou não ao público infantil e recortes com paisagens conhecidas para colagem ou intervenção foram propostas, gerando maiores identificações e a ampliação do conhecimento sobre o que já viram nesta cidade. 

Passeios com outros objetivos, mas que pelo caminho fomos provocando as crianças a terem outro olhar da paisagem foram feitos fomentando o interesse e olhar atento e curioso, ampliando ainda mais esta noção do que seria esta cidade. 

Um próxima proposta será a de pedir aos pais uma foto da fachada de seus prédios para que possamos fazer uma ilustração do trajeto da casa até a a escola, mesmo que seja apenas um quarteirão, pois este será sem dúvida o espaço mais apropriado por eles em seu dia-a-dia, por ser um trajeto cotidiano e obrigatório. 

A expectativa de ver pequenos como estes se apropriarem do espaço de moradia de forma mais ampla do que apenas do espaço privado é enorme. E a preocupação com o espaço público, fomentado pelo olhar de admiração e encantamento é inspirador!

Conto mais ao longo do processo, instigante, de criar algo novo através do olhar criativo e espontâneo deles.

Um abraço!

Carol

domingo, 16 de outubro de 2016

Música e brincadeiras para pais e educadores

Olá!

Vim desejar aos professores um dia especial e oferecer uma dica muito bacana para quem quer trabalhar musicalidade com as crianças, um canal de um músico e professor genial chamado Estevão Marques.

Ele trabalhou no Instituto Brincante e com o grupo Palavra Cantada e oferece dicas rápidas em vídeo pelo canal, além de ter um curso online e Workshops presenciais para quem quiser se aprofundar. 

Sua forma lúdica de passar ideias de musicalização e conhecimento na área da educação e da música é inspiradora. 

De sua autoria são instrumentos improvisados com colheres no chamado "Baile do Colherim" e brincadeira que ele chama de "Saborosas" ou de "Mirabolâncias". Ele também faz parte do grupo Triii e tem muito material bacana na área da educação com músicas e brincadeiras!

Espero que gostem!

Aqui links para sua página oficial e para o YouTube dele: 

http://www.estevaomarques.com/

https://www.youtube.com/channel/UCTPK8TSU8QIledDyv5bwvmQ


quarta-feira, 25 de maio de 2016

Reflexões sobre a roda de conversa e leitura na Educação Infantil

por: Carolina Torres*


Um tema como este só pode ser tratado a partir de um ponto de vista específico que é o da escola que chamamos de “nova”, em que há uma visão democrática de educação e em que o aluno é visto como tendo muito a contribuir para a direção do processo de aprendizagem.  Neste modelo, que segue o construtivismo e muitas das visões de Paulo Freire, a roda está presente como lugar de escuta, de fala em que a criança tem o lugar de um ser ativo e construtor de conhecimento, além da visão reconhecer a infância como o momento propício para a entrada na sociedade através da convivência com seus primeiros pares, da mesma idade ou não, na escola, seus primeiros “conhecidos” que não são de seu núcleo familiar.

De acordo com a visão explicitada, a escola é vista como lugar de construção de conhecimento e de troca, onde o diálogo é a forma em que esta construção acontece.

A roda pode acontecer desde o menor grupo, de 1 a 2 anos, focando-se na comunicação baseada em relatos que os pais mandam e através de manifestações não verbais, e deve manter o lugar de importância em todos os níveis de educação posterior a este.


O grupo que vou tomar como exemplo, por ser minha área de atuação há 08 anos, é a faixa etária de 03 a 04 anos de idade. Nesta idade, a fala das crianças já está começando a se estabelecer e o funcionamento e importância da roda também, caso a criança já esteja na escola anteriormente, mas, se não estiver, já há uma capacidade de compreensão sobre a importância da fala e da troca com os colegas que vai se construindo.

É em roda que as crianças se escutam e através dela, se identificam com seus colegas, criando laços de afinidade, pois passam a perceber o outro a partir de sua fala, com suas diferenças e semelhanças e podem se relacionar, formando vínculos cada vez amis fortes e profundos. É assim que um punhado de crianças que se conhece bem pode se tornar um grupo de fato, que se conhece muito bem e se relaciona.

A roda é o lugar de se olhar, de escutar, de falar e de ser ouvido. É onde os pequenos elaboram seu discurso, aprendendo a perguntar, a responder, a escutar a resposta e a pergunta do outro, podendo refletir e se colocar sempre que precisar.

Quando compreendem que este é o espaço garantido que eles têm para se colocar, as crianças guardam suas “novidades” para contar no momento da roda, e trazem suas intimidades, eventos importantes que acontecem fora da escola para dividir com os amigos, demonstrando perceber exatamente a importância dela e do suporte que o grupo pode dar para que ele elabore e até valide ainda mais suas ideias e vivências mais intensas.

O grupo passa a dividir estas intimidades e se comparam ou se diferenciam dos outros aprendendo a respeitar e conhecer formas diferentes de sentir, se colocando pelas primeiras vezes no lugar do outro para conhecerem melhor a maneira diferente do outro ser, as realidades diversas sejam físicas, familiares, culturais que existem e que podem ser diferentes da realidade que vem do núcleo familiar de cada um. 

Assim ocorre a primeira inserção no mundo social e a criança pode aprender a conhecer e respeitar o outro mesmo que seja muito diferente de si mesmo. Conversas nesta faixa etária podem ser muito profundas, pois questões como nascimento, morte, diferenciações entre os sexos e curiosidades sobre o funcionamento e o “porque” das coisas começa ali.

A roda também é momento de leitura e se lê e ouve histórias clássicas ou contemporâneas, parlendas, poesias e as crianças aprendem a distinguir os diferentes portadores e formas de textos, fazendo leituras de imagens e até memorizando longos enredos que através da repetição podem até ser recontados por eles com apoio das imagens.

Nela também podem ser elaborados projetos de pesquisa com os pequenos, com conversas que são disparadoras de um caminho de pesquisa que pode fazer sentido ou não para o grupo e para isso o professor deve estar atento e sensível ao que o grupo está interessado, sem impor um tema que não lhes mobilize a pesquisar. Alguns exemplos de projetos interessantes nesta faixa etária são projetos sobre animais, brincadeiras cantadas, instrumentos musicais, jogos, construção e brinquedos com sucata, sentimentos, apreciação de obras de arte, sobre a gravidez e o nascimento deles, sobre os cinco sentidos, entre outras infinitas possibilidades. 

Na roda podemos fazer a primeira sondagem de um possível tema de projeto para ver o que eles já sabem, se é um tema que lhes interessa e por onde podem começar a pesquisar, seja com a apresentação de uma atividade prática, com livros informativos, com imagens, vídeos, etc.

Este é um momento da rotina na educação infantil que é espaço de troca de conhecimento, de intimidade e de formação de grupo e em que o grupo se encontra inteiro se olhando e com a possibilidade de compartilhar a mesma experiência, com espaço de se manifestar. É um dos momentos mais intensos e interessantes justamente pela riqueza das trocas que posem acontecer ali, quando dado o espaço de manifestação garantido a todos. 

*Reflexões compartilhadas no V Congresso Práticas de sala de Aula ICLOC em 18/05/13

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Sobre o documentário "O começo da vida"



Olá, 

Venho falar um pouco sobre a experiencia que tive ao assistir este documentário tão delicado e interessante sobre a primeira infância.

Entenda primeiro que trabalho com psicologia e com educação infantil, portanto este assunto que já é sensível para qualquer ser humano existente na face da terra, para mim, ele é pelo menos duas vezes mais sensível.

Bem, o viés trazido pelas diversas realidades abordadas nele, tratam de uma realidade comum entre os países de primeiro ou último mundo, que é a necessidade do cuidado das crianças pelos adultos. Existe até uma realidade apresentada ali em que crianças cuidam de crianças e que mostra como a pobreza extrema mina a capacidade de sonhar de uma criança em 100%, gerando uma angústia imensa no telespectador.

A questão simples está no vínculo. O sumo do supra sumo do filme é mostrar o quanto não é importante nenhuma outra circunstância para o bebê na vida do núcleo familiar neste início, além do vínculo. Não interessa o espaço, a temperatura, a alimentação, o nível de higiene ou sofisticação, não interessa a língua que é falada, o que interessa é necessidade de haver um vínculo forte com um cuidador, seja ele quem for. Pode ser a mãe biológica ou adotiva, pode ser um pai, uma avó, um avô, uma tia, uma babá, uma irmã ainda pequena também, uma educadora em um abrigo, outras crianças em uma comunidade, pode ser quem for, mas precisa haver um vínculo. 

E é essa necessidade de vínculo que precisa haver entre um bebê e uma pessoa que seja referência para este bebê que faz a necessidade vital de haverem políticas públicas direcionadas ao cuidado da primeira infância, porque é dando possibilidade para que estes cuidadores cuidem é que se fará a humanidade futura possível. Se não há espaço para se pensar nesta etapa da vida como importante, sendo que é ali que toda a base para a formação de uma personalidade se forma, não haverá paz, não haverá justiça, não haverá um mundo mais coerente. 

O filme apela para o telespectador no sentido de fomentar o desejo de ajudar, seja como for, pessoalmente, ou através de doações ou de direcionamento de alguma ajuda aos cuidadores das crianças, já que não é possível ajudar nenhuma criança diretamente, mas apenas através do cuidado dos cuidadores. 

Entendo a abordagem e acho importante como material de reflexão e de pensamento sobre o tema. Ao mesmo tempo me questiono sobre os interesses que existem por trás dos patrocinadores do filme, mas não acho que isso desmereça o trabalho lindo que foi feito de entrevista, filmagem e de olhar cuidadoso sobre famílias tão distintas vivendo em situações tão diferentes e sempre, com o olhar carinhoso para o bebê a frente deles. 

Vale a pena. Se você for da área ou não, como membro da humanidade, eu indico assistir ao filme.

Leve lenços! :)

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Um abraço!
Carol
carolinatorrespsicologa.blogspot.com.br

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Proposta de projeto sobre Bichinhos de Jardim realizada com crianças de 4 anos



Projeto Bichinhos de Jardim

Realizado por crianças de 4 anos (2015)

Tema relacionado ao eixo natureza e sociedade previsto nos Referenciais Nacionais para a Educação Infantil para esta faixa etária.

Objetivos: aguçar a curiosidades das crianças em relação aos animais, à natureza, à organização social de alguns deles (formigas, abelhas, etc), conhecimento da relação do homem com a natureza, como no cultivo de mel, uso da seda, das minhocas, etc.

Etapas:

1 - Introdução do tema

Inicialmente buscamos pelo interesse espontâneo das crianças após apresentação do tema em roda de conversa.

A partir da resposta do grupo de buscar bichinhos para trazer para a escola, passamos a conversar sobre montar com eles um viveiro em sala, pesquisando primeiro como montá-lo a partir de livros e da visita ao “Sabor de Fazenda”. Lá aprendemos a plantar um vaso de trevo e adaptamos a ideia a montagem do viveiro com as camadas de pedra, areia e terra.

2 – Montagem do viveiro e passeio ao Sabor de Fazenda

Montamos a base do viveiro com ajuda deles e colocamos nele algumas plantas que foram cultivadas por eles com sementes das frutas do lanche como pera, maça, melancia, mexerica, entre outras desde o primeiro semestre.

Nele as crianças colocavam os animais encontrados fora da escola como tatu bola, formiga, maria fedida, esperança, taturanas e lagartas, besouros, piolhos de cobra, caracóis, caramujos, joaninhas, minhocas, louva deus, barata de jardim, vagalume, etc.

Montamos também um Insetário com animais que eram trazidos mortos como um besouro gigante que encontramos no acantonamento, borboletas, cascas de cigarra e cigarras adultas, abelhas, cascas de caracóis, vespas e outros animais que iam falecendo no nosso viveiro. Além disso, guardamos casulos que iam ficando vazios após o nascimento das 5 borboletas e mariposas que nasceram ao longo do semestre e que soltamos.

Observamos a transformação destes animais calculando o tempo e tentando prever o tamanho e a cor que teriam após saírem do casulo. Pesquisamos as diferenças entre mariposas e borboletas, soltamos todos os animais que voavam supondo que seria sofrido para os que conseguissem voar ficar confinados num espaço tão pequeno.

Observamos o nascimento de cerca de 40 ovos do caramujo gigante africano que um dos alunos trouxe, além da proliferação de tatu bolinhas que apareciam pequeninos ao longo do tempo, assim como os caracóis pequenos.

3 - Pesquisa em livros, passeio ao “Planeta Inseto”

Num segundo momento, a partir dos acontecimentos de nosso viveiro fomos buscar informações em livros sobre insetos, sobre ecossistemas, sobre árvores e sobre animais em geral. Iniciamos a sistematização dos conhecimentos adquiridos em um livro geral do grupo sobre o que íamos aprendendo nos livros, em vídeos que assistíamos sobre alguns animais específicos e o documentário “Microcosmos”, trazido por um dos alunos. Nele, pudemos ver alguns hábitos que os animais de jardim tem quando livres na natureza através da filmagem com microcâmeras que os deixaram impressionados.

Além disso, fomos buscar mais informação no Museu da USP sobre o tema, chamado “Planeta Inseto”. Nele descobrimos a diferença entre insetos e outros animais de jardim como as aranhas, caracóis, minhocas e outros. Conhecemos o bicho pau, bicho da seda, mais sobre animais sociais como as abelhas e formigas, sobre a importância das baratas, entre outras coisas.

Pesquisamos mais em sala com nossos insetos com o uso de lupa e manuseio de alguns deles e fizemos muitos desenhos de observação chegando a montar um livro individual para cada um sistematizando nossa aprendizagem que unia os desenhos produzidos por eles as informações levantadas também pelo grupo.

Introdução de histórias, poesias, músicas sobre o tema, como “Cigarra e a Formiga”, músicas “Minhoca Dorminhoca”, “Borboleta pequenina”, etc.

4 – Brincadeiras simbólicas

Construímos teias de aranha com fios e tela, teias gigantes com elásticos para que eles pudessem vivenciar serem aranhas e também pintamos o rosto deles com maquiagem, montamos uma floresta em sala para que eles pudessem vivenciar serem bichinhos de jardim, montamos casulos com tecidos para que pudessem brincar de serem borboletas.

Fizemos brincadeiras com caixas e depois eles pitaram e colocaram elásticos nas caixas como se fossem as casinhas dos caracóis para brincarem de ser caracóis.

5 – Atividade plástica

Além dos desenhos de observação dos insetos que fez com que muitas das crianças que ainda não estavam tão interessadas pela figuração conseguissem figurar, montamos um painel com borboletas pintadas por eles em transparências com cola plástica e a técnica de pintura espelhada para fazer as asas delas, eles fizeram bichinhos feitos com argila e pintaram, colagem com borboletas e introduzimos as obras de Monet em que ele pintou os jardins de sua casa e fizemos com eles uma observação de seus quadros e pintamos telas no parque, além de fazer uma pintura ao ar livre na praça Horácio Sabino num último passeio do semestre.

Construímos painéis com a técnica de figuração com tesoura, além de desenho, pintura e colagem.

6 – Contagem


As crianças contabilizavam os bichinhos que chegavam por tipos e espécies e também os dias de espera da transformação dos casulos. 

sexta-feira, 11 de março de 2016

Por que dar limites a uma criança é amor



Olá, 

Hoje venho falar sobre um tema bastante  controverso dentro da educação de crianças e adolescentes na atualidade: a necessidade de dar "limites".

Quando digo limites, quero dizer: oferecer a ela parâmetros sobre coisas que ela pode e que ela não pode fazer. Não é difícil imaginar por quê isso é importante, já que sabemos que as crianças se colocam em risco muitas vezes caso não estejamos por perto, cuidando para que algo deste tipo não aconteça.

Porém, é também muito importante dar limites que não são apenas aqueles que põe em risco a integridade física da criança, mas que serão de suma importância para a integridade emocional e psicológica desta criança mais tarde.

Que tipos de situações são essas? Bem, não é possível fazermos uma lista com todas as situações que uma criança pode entrar que a faz precisar de limites, mas imagine que numa situação social, escolar, ou mesmo sozinha com você esta criança esteja causando um desgaste muito grande em outra pessoa fazendo birras intermináveis, exigindo atenção 100% do tempo ou então se recusando a cumprimentar alguém ou a perceber que há uma situação acontecendo e que ela apenas passe por cima disso tudo para destruir a brincadeira, desorganizar o ambiente e se fazer ser olhada apenas por suas atitudes destrutivas. 

Essas situações não colocam em perigo a integridade da criança e, muitas vezes, por preguiça de entrar numa situação de conflito, deixamos a criança "destruir" as coisas ou deixar de perceber o outro, por preguiça de entrar no embate com ela mais uma vez, já que este tipo de situação acontece com frequência. Esta é a pior atitude que pode ser tomada. Deixar pra lá e ceder ao desejo da criança que não está absolutamente feliz em produzir esta desorganização, mas está, ao contrário, testando a nossa capacidade em mostrar a ela o que pode ou não pode ser feito, o que permitimos ou não permitimos, e principalmente, se somos um porto seguro para ela, gerando um "campo de força" que a proteja de si mesmas. 

Não é raro que um professor ou um cuidador que seja severo em suas exigências, seja amado e respeitado por seus alunos, pois é justamente isso que as crianças esperam de um adulto: segurança. É claro que é possível ser brincalhão e carinhoso com uma criança e não perder a postura de quem põe o limite. A brincadeira não precisa ser caótica e gerida pelo desejo sem limites da criança para ser boa. Pelo contrário, precisamos oferecer horários, rotina estabelecida, momentos de responsabilidade, de ação, de relaxamento, de atenção, de foco e também, é claro, tempo livre. 

Neste sentido, pais e mães que sentem culpa por estarem afastados por conta do trabalho e que não participam da rotina diária completa, a não ser aos finais de semana, acabam por permitir tudo neste curto período, dando à criança uma noção deturpada de valores, por serem extremamente flexíveis e permissivos. 

Eu sei que não é nada fácil frustrar uma criança quando se encontra pouco com ela e que os pais querem mais é curtir os filhos. Infelizmente não existe uma parentalidade que seja livre de esforço e de situações limite, em que as crianças esperam de seus pais um posicionamento coerente com os valores que são passados verbalmente a eles. 

Desta forma, é preciso estar de acordo com as crenças e valores que se quer passar, mesmo muito cansados no final do dia e mesmo com preguiça de brigar, pois do contrário a criança se sentirá absolutamente desamparada e se segurança nenhuma, gerando uma ansiedade e um medo absurdo nela, ao invés de um momento de prazer e de cumplicidade. 

O limite que damos ao ser que está conhecendo através de nossos exemplos o mundo, é o maior amor que pode ser oferecido a alguém, pois é formativo, pois transforma a realidade dele, que está sendo criada através destes modelos, exemplos e limites. 

Não deixe que a culpa, a preguiça e a vontade de ser "bonzinho" com seu filho o deixe desamparado e sem contorno! Seja coerente com o que você cobra de seu filho, ou de seu aluno, do contrário, tenha certeza que ele não entenderá a mensagem verbal com mais força do que mensagem passada pela vivência e observação de seus atos.

Para receber mais conteúdo sobre a educação de crianças, se inscreva no blog pensandocriancas.blogspot.com.br para receber os textos do blog por e-mail, ou siga pelas redes sociais. 

Um abraço!
Carol
carolinatorrespsicologa.blogspot.com.br


sábado, 5 de março de 2016

Curso Online Sobre Educação Infantil

Olá, 


Compartilho hoje com vocês um curso para o qual fui convidada a escrever a parte teórica. 

Elaborei uma apostila para ele. O material de vídeo não é meu, mas acredito que ajude a compreender bem a realidade e as especificidades da Educação Infantil, assim como o meu material escrito.

A quem se interessar abaixo está a divulgação da plataforma Cursos 24 Horas. 

Um abraço!

Carol


Curso de Educação Infantil


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  • Você sabia que a Educação Infantil representa um mercado de trabalho em ampla expansão?
  • Que educar crianças pequenas é muito mais que brincar e cuidar? E que hámétodos e fundamentos nesta educação?
  • Você sabia que pesquisas mostram que esta primeira etapa da educação determina o quanto a criança vai ser bem-sucedida depois, ao longo da vida escolar?
  • Você sabia que há muitas atividades que integram brincadeira e aprendizagem para estimular adequadamente as crianças muito pequenas, que podem ser feitas tanto pelos pais em casa como por professores em salas de aula?
Se você deseja entrar neste mercado de trabalho promissor da educação Infantil, aperfeiçoar-se para desempenhar melhor suas tarefas, ou se você apenas quer entender melhor como estimular seus próprios filhos, o Curso de Educação Infantil lhe fornecerá a mistura perfeita entre teoria e prática, apresentando o fundamento pedagógico da educação infantil e sugerindo uma série de atividades práticas para as diferentes idades.

Conheça as principais dificuldades das crianças e como tratá-las, como a dislexiatroca de letras, entre outras.

Organizado em dois Módulos complementares, o Curso de Educação Infantil começa definindo o que é Educação Infantil, sua história e como ela se enquadra na legislação brasileira. E ensina:
  • A diferença dos conceitos de pedagogia, educação e didática;
  • As diferentes linhas pedagógicas, como Piaget, Montessori, Vigotsky, Waldorf;Os métodos de alfabetização;
  • Como as crianças aprendem linguagem, números, ciências;
  • A diferença entre cuidar, brincar e educar;
  • A organização da rotina na sala de aula;
  • A importância da Música para o desenvolvimento afetivo, cognitivo e social.
Além disso, o curso traz atividades, historinhas e fábulas e sugere brincadeiras e atividades como Caça ao Objeto, Corrida com Pés Amarrados, sempre explicando como realizar a atividade e apresentando seu conteúdo pedagógico.

O Curso é inteiramente on-line, com vídeo-aulas, apoio de tutor e apostila com atividades sugeridas para imprimir e copiar.
Autor(a): Carolina Torres
Psicóloga e Pedagoga, especialista em Teoria Psicanalítica e em Ética, Valores e Cidadania.


Compatível com dispositivos móveis.
Este curso online conta com:
Vídeo AulasVídeo AulasApostilasApostilasProfessorProfessorReceba o Certificado GrátisCertificado

Os principais tópicos do Curso de Educação Infantil são:
Unidade 1 – Educação Infantil no Brasil, a criança e seu desenvolvimento
  • Introdução
  • Assistencialismo
  • Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e Legislação
  • O professor de educação infantil
  • A criança, a família e a escola
  • Características de 0 a 3 anos
  • Características de 4 a 5 anos
Unidade 2 – Áreas de trabalho e currículo em Educação Infantil
  • O currículo em Educação Infantil
  • Corpo e movimento
  • Música
  • Artes visuais
  • Linguagem oral e escrita
  • Natureza e sociedade
  • Matemática
Unidade 3 – Organização da Rotina e Pedagogia de projetos
  • Organização da Rotina
  • Pedagogia de Projetos
  • Linhas Pedagógicas
Unidade 4 – Práticas Pedagógicas
  • Dinâmicas para a Educação Infantil
  • Métodos de Alfabetização
  • Modalidades e exemplos de texto infantil
  • Educação em valores
  • Conclusão

quinta-feira, 3 de março de 2016

Um sonho mais que realizado: um estudo de caso de protagonismo e autonomia na Escola Alecrim de São Paulo

Olá, 

Escrevi esta monografia na conclusão da especialização "Ética, valores e cidadania na Escola". Nele falei sobre a experiência de um grupo de alunos de 10 anos de idade que buscava a ampliação de sua escola ao nível do Fundamental II e como conseguiram seu objetivo.

Para adquirir texto completo, escreva para: torres.carolina@gmail.com.

RESUMO
O presente trabalho pretende pesquisar as relações entre o protagonismo e a autonomia através de um estudo de caso na Escola Alecrim de Educação Infantil e Ensino Fundamental I e II, localizada no bairro de Pinheiros, na cidade de São Paulo. Trata-se da abertura de um novo segmento que não existia na escola e que acabou se tornando viável pela mobilização de um grupo de alunos que envolveram em sua “campanha” toda a comunidade escolar, buscando formas de superar o imperativo de que “o sonho do grupo não seria possível”, discurso que girava ao redor deles ao longo de todo o processo de mobilização pela ampliação da escola. Através do levantamento de bibliografia sobre protagonismo e autonomia analisei este acontecimento, compreendendo a sua importância no processo educacional. Também busquei compreender se o processo educativo desta escola em especial tem influência no processo e no desfecho desta ação. Além do levantamento bibliográfico, o material analisado foi a transcrição de um documentário produzido pelo próprio grupo de alunos sobre este processo e disponibilizado na internet pela escola e entrevistas com as alunas e coordenadoras da referida Instituição. A relevância deste trabalho é a de localizar a importância do protagonismo e de um ambiente educativo que considere a participação ativa dos alunos em seu processo educacional, não se limitando apenas aos conteúdos escolares, mas a atitudes e projetos que vão além da sala de aula. Os resultados evidenciaram que o trabalho da escola teve relevância significativa nas ações do grupo, proporcionando às crianças uma estrutura nas relações interpessoais através do diálogo que as influenciou na busca de solução para o problema encontrado, levando-as a uma persistência incomum para a idade.

Para receber outros textos sobre estes temas, deixe seu email nos comentários ou se inscreva no blog.

Um abraço,
Carol

Pedagogia de projetos baseada nos temas transversais na Educação Infantil

Olá, 

Escrevi esta monografia na conclusão do curso de Pedagogia. Nele escrevi sobre alguns projetos interdisciplinares aplicáveis à  educação infantil. 


INTRODUÇÃO

       Para embasar o presente trabalho a leitura inicial feita foi a dos três volumes do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Básica, buscando conhecer os conhecimentos esperados para a faixa etária dos três aos quatro anos de idade.
O trabalho com Educação Infantil formal no Brasil tem uma história conturbada, já que por muitos anos o assistencialismo foi a principal função da escola nesta faixa etária. Instituições como as creches tinham como única função os cuidados maternais, como o próprio nome das turmas evidenciam até hoje, com grupos de crianças nas escolas que são identificados, por exemplo, como: “berçário”, “maternal um”, “maternal dois” e etc.
Pensando nesta história e nas mudanças que foram ocorrendo no pensamento contemporâneo sobre a educação infantil, esta pesquisa procura levantar dados nos Referenciais Curriculares Nacionais (PCNs) e no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) e na prática registrada por professores e outros profissionais de educação que mostrem a valorização de outras funções da escola para estas crianças.
O olhar e o cuidado com a saúde, higiene e alimentação das crianças é imprescindível, porém há muito a ser desenvolvido e aprendido por elas através de atividades, vivências e ampliação de repertório de mundo que estão presentes e que devem ser valorizados pelos profissionais desta área, muitas vezes subjugados pela população geral, sofrendo preconceitos por trabalharem com uma população de crianças de tão tenra idade, ainda que com muita seriedade e compromisso com a profissão.
 O viés deste trabalho é o de colocar a criança desde bem pequena como um sujeito de saber e o educador, como um profissional que deve e pode trabalhar globalmente com conceitos da pedagogia de projetos que estimulem e ampliem a capacidade cognitiva, física, social e emocional de seus alunos, na contramão de um pensamento anterior através dos temas transversais.
Em carta destinada aos professores que receberam o chamado “Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil” (RCNEI) em 17 de novembro de 1998, o então presidente Fernando Henrique Cardoso, coloca que tal instrumental foi fruto de ampla discussão e reflexão e que serviria como um auxílio aos professores desta faixa etária para que refletissem sobre a educação de seus pequenos evitando a visão assistencialista e ampliando a formação efetiva destes bebês em cidadãos.
            No primeiro de três volumes, encontramos uma introdução que esclarece alguns papéis como o da criança, o do professor e os objetivos da educação infantil num olhar semelhante ao de F.H.C. em sua carta de apresentação do material. O segundo volume, explica a concepção de educação adotada pelo então Governo, explicitando a concepção de aprendizagem, seus objetivos, conteúdos e dando orientações gerais para o professor. O terceiro divide-se em orientações específicas sobre o ensino de movimentos físicos, de música, e artes visuais, de linguagem oral e escrita, de natureza e sociedade, e de matemática, concluindo assim uma abordagem ampla, porém ainda segmentada, de educação, provavelmente por conta de uma opção didática de organização do material.
            Resta ao pesquisador, analisar mais profundamente tal bibliografia e buscar novas fontes de leitura sobre a prática que surge após esta mudança sugerida pelo Governo, compreendendo assim os objetivos implícitos, a abordagem teórica e a possibilidade de aplicação de tais ideias, além de buscar, na realidade, exemplos de projetos que possam ilustrar essa possibilidade de trabalho com as crianças pequenas.   
Este estudo busca levantar quais são os conteúdos que as leis e diretrizes da educação básica no Brasil propõem para a educação infantil e levantar alguns exemplos de projetos nesta área verificando sua adequação aos objetivos propostos em lei.
            O tema em questão é a pedagogia de projetos, que trata de definir um tema a ser trabalhado em certo período de tempo, baseada nos temas transversais, ou seja, que abordem mais de uma área de conhecimento ao mesmo tempo, no contexto da educação infantil, especificamente na faixa etária de 03 a 04 anos de idade.
A origem do interesse que move o presente trabalho vem da prática em sala de aula com esta faixa etária, desde 2007, e de uma escassez na busca de sistematização dos conhecimentos possíveis a ser trabalhados com ela. O trabalho busca verificar tais parâmetros e fazer um levantamento de projetos existentes para avaliar sua adequação e relevância, além de configurar um possível registro para consulta de profissionais da área.
A relevância do tema se baseia nesta escassez de material disponível para embasar o trabalho na educação infantil e na importância do trabalho com temas que envolvam muitas áreas, pensando que nesta faixa etária toda a aprendizagem deve se dar de forma global, levando em conta o interesse das crianças e o desenvolvimento físico, intelectual, social e emocional pelo qual estão passando ao entrarem na lógica da sociedade e saindo do convívio estritamente familiar desde a entrada na escola.
A hipótese levantada é a de que projetos com esta faixa etária podem ir muito além da socialização, ampliando de forma consistente seu conhecimento de mundo e de repertório intelectual e social, além das habilidades motoras.
A pesquisa trará alguns exemplos da prática, buscando nos Parâmetros Curriculares Nacionais, embasamento que as justifique, viabilize e valide como formas adequadas de se trabalhar com esta faixa etária.
Os projetos aqui descritos serão avaliados em suas propostas. Falhas e sucessos serão analisados podendo servir de instrumento de trabalho e reflexão para professores desta área da educação. A relevância cientifica se dá neste sentido, como uma contribuição para o corpo de referência destinado à consulta de profissionais da área.
A entrada da criança na escola é de suma importância para o segmento de seu processo de aprendizagem, visto que é o modo em que ela virá a compreender, pela primeira vez, a sistematização de conhecimentos vindo do ambiente socializador por excelência, que é a educação formal advinda da escola regular. A relevância social se coloca aqui, como reflexão da importância deste primeiro contato da criança com a educação formal.

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Documentário "Educação.Doc"

Olá, 

A série de documentáriosEDUCAÇÃO.DOC, produzida de forma independente pelos cineastas Luiz Bolognesi e Laís Bodanzki. A dupla de cineastas visitou oito diferentes escolas no Brasil, nos estados do Piauí, Ceará, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.

documentário busca entender como é possível fazer a diferença na educação pública e atingir resultados de excelência, por meio de entrevistas com alunos, professores, diretores, autoridades, pensadores da educação e formuladores de políticas públicas, além da comunidade.

Não existe uma saída para as escolas públicas no Brasil. Existem várias. Não há mágica ou fórmulas, mas é possível ter ensino público de qualidade ainda que em regiões distantes ou violentas. Em cena, experiências que deram certo a partir do trabalho coletivo de alunos, professores e comunidade. Com depoimentos importantes de diretores, autoridades, pensadores da educação e formuladores de políticas públicas.

Confira todos os episódios do documentário EDUCAÇÃO.DOC
A Escola Augustinho Brandão, do Piauí, tem alunos motivados, ótimos resultados e acumula dezenas de medalhas em Olimpíadas de Matemática e Química, além de prêmios de astronáutica, astronomia e física.
A Escola Presidente Campos Salles derruba barreiras e integra alunos, além de apostar em esquema democrático, no qual os alunos decidem quem serão seus representantes.
Comunidade desafia ideia de que educação é responsabilidade do governo.
Escola do Rio transforma sala de aula num lugar mais interessante para reduzir abandono.
Foz do Iguaçu se destacou por uma rede de escolas públicas de qualidade. Sobral concentra o maior número de escolas públicas de qualidade do país. 
Como deveria ser a escola do futuro? Escolas públicas exemplares, com ensino de primeira, professores motivados onde os alunos gostam de estudar existem, mas precisamos saber aonde esse caminho vai chegar


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Um abraço,
Carol